O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e outros movimentos sociais realizaram, nesta quarta-feira (11), uma manifestação na sede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A mobilização tem como objetivo impedir o despejo de mais de 300 famílias que vivem há 12 anos na Ocupação Eliana Silva, localizada na região do Barreiro, na capital mineira.
A coordenadora nacional do MLB, Poliana Souza, destacou a gravidade da situação e denunciou a postura da PBH diante do processo judicial em andamento.
"A Ocupação Eliana Silva tem água, luz, esgoto, asfalto e até CEP. Mesmo assim, a prefeitura disse que não tem interesse em regularizar a área. É uma contradição, porque ela está recebendo mais de R$ 80 milhões do Banco Mundial para um plano de urbanização da região", afirmou.
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Segundo a líder do movimento, a juíza responsável pelo caso, Rafaela Kehrig, determinou a reintegração de posse, que pode ser cumprida a qualquer momento, colocando mais de 300 famílias em risco de perder suas casas.
“Essas famílias não têm para onde ir. Estamos aqui para exigir que a prefeitura regularize não só a Eliana Silva, mas também outras ocupações do Vale das Ocupações, como Nelson Mandela, Paulo Freire, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Horta", declarou Poliana.
História e resistência
A Ocupação Eliana Silva é um assentamento urbano, criado em 2012, que homenageia a militante do MLB Eliana Silva, liderança da Ocupação Corumbiara, falecida há alguns anos.
Ao longo dos anos, a comunidade conquistou infraestrutura básica e equipamentos comunitários, como a Creche Tia Carminha e o Centro Cultural Minha Quebrada. No entanto, as famílias enfrentam agora a ameaça de despejo, agravada pela ausência de diálogo com as autoridades municipais e estaduais, segundo nota divulgada pelo movimento.
Nota oficial do MLB
Nas redes sociais, o MLB denunciou a omissão do prefeito Fuad Noman (PSD) e do governador Romeu Zema (Novo), que, mesmo convocados, não compareceram às audiências de mediação realizadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) no início do ano.
"A atitude omissa da PBH é ainda mais grave, pois está inserida em programas de regularização da ocupação e, mesmo assim, não se importou com a moradia das famílias", afirmou o movimento.
O ato desta quarta-feira contou com a participação de apoiadores de outras ocupações urbanas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que se uniram em solidariedade às famílias da ocupação Eliana Silva.
“A luta vai continuar até que nenhuma família precise viver sob a ameaça de perder seu lar", concluiu a nota.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos