Retorno de Trump pode impactar o Brasil em assuntos econômicos, políticos e ambientais
Em 20 de janeiro, Donald Trump toma posse novamente como presidente dos EUA, apesar de uma atmosfera desfavorável ao seu retorno, devido a acusações de assédio e ações políticas questionáveis.
Em janeiro de 2021, após Trump ter deixado o governo americano, vários analistas avaliaram que a sua carreira política havia terminado, pois a sua popularidade ficou paralisada em 41%, média mais baixa entre todos os presidentes americanos.
Soma-se a isso o ataque ao Capitólio por seus seguidores e a recusa de Trump em aceitar a derrota, além dos processos criminais abertos contra ele ao fim de seu governo. Ao deixar o governo, sua porcentagem de aceitação caiu para 34%.
Apesar de tudo isso, quatro anos após sua tentativa de ser reeleito falhar, ele conseguiu reverter a situação ao derrotar Kamala Harris e retorna para ser o chefe do Executivo norte-americano.
Além das 34 acusações impostas, em razão da falsificação de registros contabilistas para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels sobre a alegada relação que teve com ele, Trump enfrenta ainda julgamento por supostas tentativas de alterar o resultado das eleições de 2020 no estado da Geórgia. Pesam também contra Trump outras acusações, como a de conspirar para anular essas eleições em todo o país, incluindo, nesse caso, o assalto ao Capitólio em 06 de janeiro daquele ano.
Cinco fatos o levaram a emergir novamente politicamente:
1. A economia americana, que passou por uma elevada inflação após a pandemia de covid-19, atingindo 9,1% no início do governo Biden em junho de 2022, valor mais elevado em 40 anos. Isso fez com que a Reserva Federal Americana aumentasse agressivamente a taxa de juros, fazendo com que a inflação diminuísse.
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Em contrapartida, isso fez com que houvesse um aumento do custo do crédito e das hipotecas, o que causou descontentamento entre os consumidores americanos, uma vez que, há décadas, eles conviviam com uma inflação baixa.
2. A base de seguidores leais a ele, os MAGA (Make American Great Again¹). Além desse grupo de seguidores leais, Trump aumentou o seu apoio entre os jovens negros e latinos. Posteriormente, a eles se juntaram os cristãos conservadores, que o apoiaram no seu primeiro mandato. Outro fator importante foi a nomeação de novos juízes para o Supremo Tribunal, que revogariam o direito ao aborto.
3. Imigração de fronteira. Durante a sua campanha, Trump prometeu fechar as fronteiras e realizar “a maior deportação” da história dos EUA.
4. As guerras na Ucrânia e em Gaza. Trump prometeu não iniciar novas guerras, além de também acabar com a guerra da Ucrânia em 24 horas após tomar posse, o que preocupa a Ucrânia e seus aliados, uma vez que eles temem que Trump force Kiev a fazer concessões para apaziguar a Rússia. Disse ainda que acabaria com a guerra em Gaza, só não disse como. Muitos acreditaram nisso.
5. As mudanças na candidatura democrata também ajudaram Trump a se eleger, devido aos altos e baixos do Partido Democrata durante a campanha.
Como a sua vitória poderá afetar o nosso país? Bem, segundo o governo brasileiro, o retorno de Trump à Casa Branca deverá impactar o Brasil em assuntos econômicos, políticos e ambientais.
Seu retorno pode criar barreiras comerciais, pois ele deve estipular uma tarifa mínima de 10% sobre as importações, o que afetará o agronegócio brasileiro, além da indústria de ferro e aço.
A alta do dólar tende a se agravar com essas medidas protecionistas, aumentando a nossa inflação, além da alta taxa de juros para segurar os preços. Também deve agravar a crise climática, pois ele é a favor de continuar a investir em combustíveis fósseis e fortalece bandeiras da extrema direita.
Agora, só nos resta aguardar a sua famigerada volta.
Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG).
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Leia outros artigos de Antonio Manoel Mendonça Araujo em sua coluna no Brasil de Fato MG.
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos