Marias Vão Com As Outras Sim. A afirmação nomeia uma organização de mulheres que atuam com agroecologia, costura criativa e artesanato sustentável em Sarzedo, um município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em Minas Gerais. 

Desde 2021, o coletivo é autogestionado por 18 mulheres e trabalha na produção de mudas de plantas medicinais, ornamentais, temperos e produtos da costura criativa, sempre com a utilização de materiais de reciclagem. O projeto também viabiliza a produção de biofertilizantes orgânicos e de sabão com óleo de reaproveitamento. 

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Nilce Nicácio, coordenadora administrativa da associação, revela que as intenções das Marias são diversas. 

“A gente convida as pessoas voluntariamente, que já trabalham com essa questão da sustentabilidade e buscam, por meio do reaproveitamento de materiais, da preservação do meio ambiente e da economia circular e solidária, a geração de renda e o empoderamento”, conta. 

Outras formas de pensar

Propiciar o acolhimento e o empoderamento da população da cidade, com o ideal de gerar autonomia, conhecimento e independência financeira, é um objetivo pensado com outro olhar sobre a agroecologia, como explica Dulce Maria, coordenadora geral da iniciativa. 

“Quando a gente se reconhece e se aceita como sujeito na sociedade, a gente se entende. A agroecologia, de uma forma geral, não é simplesmente plantar sem utilizar veneno ou  produzir uma comida saudável, é muito mais”, explica. 

“A agroecologia é interagir dentro do sistema, porque nós não estamos soltos por aí, nós fazemos parte. Dentro do nosso sistema, temos tudo que  precisamos para sobreviver. Então, fazer a agroecologia é viver de fato a interação junto com o meio ambiente, a preservação da natureza, das águas, das pessoas e dos animais, de uma forma geral”, continua. 

Arte e sustentabilidade

No artesanato, o reaproveitamento serve para conscientizar sobre uma missão que a sociedade tem com o planeta, principalmente no que se refere às degradações que têm intensificado a emergência climática. 

No coletivo, madeiras, plásticos, telhas e inúmeros outros objetos não são descartáveis, mas assumem outras formas, pelas mãos de pessoas ligadas ao fazer artístico, como explica Cláudia Maria Ramos, artesã voluntária do coletivo. 

Uma embalagem simples de água sanitária, por exemplo, pode se transformar em uma peça decorativa, como é o caso da boneca Nivalda. 

“Nós também plantamos nela. Ela [ a boneca] é uma peça decorativa e também serve para o plantio”, diz a artesã. 

Projeto é sucesso

Com sucesso em Sarzedo, mas também fora da cidade, a associação Marias Vão Com As Outras Sim tem parcerias com diversas instituições, como supermercados, prefeituras e até a Petrobrás. 

O coletivo atua com a produção de lonas e materiais de campanhas promocionais em mochilas, ecobags, bolsinhas escolares e aventais, além de levar mudas para feiras na RMBH. 

O estoque, segundo as próprias integrantes, acaba rápido. As pessoas estão realmente interessadas no trabalho coletivo e sustentável. 

Saiba mais sobre o projeto, acessando o perfil do coletivo no Instagram.
 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos