Acontece em Belo Horizonte, no próximo sábado (11), uma homenagem à atriz Fernanda Torres e a familiares de desaparecidos políticos pela ditadura militar. A ação, que será às 11h, na Praça da Liberdade, é organizada pelo Coletivo Alvorada.
No domingo (5), Fernanda Torres foi premiada com o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em filme de drama. O motivo da conquista foi sua interpretação de Eunice Paiva, no filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles.
A trama se baseia na história da família Paiva, que foi vítima das grandes atrocidades ocorridas nos anos da ditadura militar no país. Eunice é esposa de Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, que foi torturado e assassinado pelo regime, e luta pelo reconhecimento da morte do marido pelos ditadores.
“Isso [premiação] é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo em momentos difíceis, como os que Eunice Paiva viveu”, comemorou a atriz ao receber o Globo de Ouro.
O prêmio é inédito para o país e representa a luta pela memória daqueles que sofreram com as represálias do regime militar.
Homenagem em BH
Com isso, o Coletivo Alvorada, grupo de militantes de BH, juntamente com o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro), Sindicato dos Bancários de BH, Casa Socialista e o Movimento Nacional de Direitos Humanos em Minas Gerais (MNDH-MG), organiza um ato para homenagear a atriz e os familiares de mortos e desaparecidos na ditadura militar.
A ação acontece no próximo sábado (11), às 11h, na Praça da Liberdade, e conta com um grande tapete vermelho como parte da homenagem.
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Em entrevista ao Brasil de Fato MG, Pedro Alexandrino, um dos coordenadores do Coletivo Alvorada, confirmou que o ato contará com a presença de seis familiares de mortos e desaparecidos pela ditadura.
Pedro é sobrinho de Pedro Alexandrino Oliveira Filho, também chamado de Peri. Peri era engajado com movimentos estudantis, foi perseguido, desaparecido e morto pelo regime militar. O nome do entrevistado, inclusive, é uma homenagem ao seu tio.
Perguntado sobre a importância do ato, Pedro afirma que a mobilização é essencial para que os atos golpistas não aconteçam mais.
“A gente está nessa luta pela memória e pela verdade. É muito importante a gente reafirmar essa luta. A gente segue em busca do corpo dos familiares que ainda estão desaparecidos, na busca e na luta pela verdade sobre quais foram as condições da morte deles. É importante demarcar esse momento, para que isso não aconteça outra vez”, diz.
Fazendo um paralelo com o filme, Pedro fala que “Ainda Estou Aqui” conta à juventude histórias que não podem ser perdidas com o tempo.
“É um filme muito importante porque conta nossa história para uma juventude que não a tinha conhecido. E vai além, conta essa história para o mundo”, comenta.
Sobre o ato, o militante contou como vai ser a homenagem.
“Estamos chamando essa ação do tapete vermelho, que vai ser uma encenação, uma ação lúdica com atores locais. Nós vamos abrir um tapete vermelho na Praça da Liberdade, muito simbólica aqui na capital mineira, e atores e atrizes vão desfilar no tapete vermelho levando as fotos dos mortos e desaparecidos”, revela.
“Isso é para chamar a atenção do Brasil. Ainda estamos na luta pela memória, pela verdade, pela história e pela justiça”, finaliza.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos