O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve se reunir nesta semana com a Casa Civil do governo Lula (PT) para tratar da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial do Amapá.
Nesta quarta-feira (12), o presidente afirmou que o órgão parece agir “contra o governo” e chamou o processo de autorização da exploração de “lenga-lenga”. “Nós precisamos autorizar a Petrobras a fazer a pesquisa [na região]. É isso que queremos. Se depois vamos explorar é outra discussão. O que não dá é ficar nesse lenga-lenga. O Ibama [parece] que é um órgão contra o governo”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá.
“Nós temos que pesquisar, ver se tem petróleo, ver a quantidade de petróleo. Porque muitas vezes você cava um buraco de 2 mil metros de profundidade e você não encontra o que imaginava encontrar”, disse o presidente. “Mas a gente não pode saber que tem uma riqueza embaixo de nós e não explorar, até porque dessa riqueza é que a gente vai ter dinheiro para construir a famosa e sonhada transição energética.”
O seguimento ao processo da autorização para a exploração do petróleo na região foi um compromisso de Lula acordado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pelo União Brasil do Amapá.
No último dia 4, o Ibama afirmou que o pedido de exploração na Foz do Amazonas está em análise e que não há prazo para uma resposta. Em 2023, o órgão recusou a licença da Petrobras para explorar a região e, desde então, a estatal corre para garantir as documentações necessárias.
O esforço da Petrobras e do governo Lula colocam o Brasil no rumo contrário dos compromissos ambientais celebrados internacionalmente, mas se justifica em cifras. Estima-se que a reserva chegue a 30 bilhões de barris de petróleo, levando o Brasil de oitavo a quarto maior produtor do mundo, atrás de Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia.
A empreitada não soa bem a lideranças tradicionais, ativistas, especialistas e cientistas, para os quais explorar petróleo em toda a margem equatorial brasileira é inviável sob os pontos de vista social, ambiental, econômico e climático. Fontes ouvidas pelo Brasil de Fato apontam perigos como derramamento de óleo, inchaço populacional, energia mais cara, aumento das emissões de carbono. A lista é longa e inclui risco ao setor pesqueiro e a um sistema de recifes de corais pouco estudado. A mera expectativa econômica das perfurações já resulta no aumento de invasões a terras indígenas.
Edição: Martina Medina
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